por que temos pesadelos?

4/23/20252 min read

Se sonhar é natural, por que às vezes os sonhos se transformam em pesadelos?

No último post, falamos sobre como os sonhos ajudam a regular nossas emoções e manter o equilíbrio psicológico.

Mas... e quando o cenário onírico, ou, "mundo dos sonhos", que deveria ser tranquilo, se transforma em um pesadelo angustiante?

A resposta está nas engrenagens invisíveis do nosso cérebro — e, acredite, a ciência tem muito a dizer sobre isso.

O que são pesadelos? A visão da neurociência

Pesadelos são sonhos intensamente negativos, que provocam medo, ansiedade ou tristeza.
Eles ocorrem predominantemente durante a fase REM do sono — a mesma fase em que sonhamos mais vividamente.

De acordo com estudos da Sleep Research Society (2023), pesadelos são um reflexo de processos emocionais não resolvidos ou estresse acumulado.

É como se o cérebro tentasse "ensaiar" ou "digerir" situações difíceis, mas de forma desorganizada e perturbadora.

Além disso, fatores como:

  • Estresse crônico,

  • Trauma emocional,

  • Privação de sono,

  • Uso de certos medicamentos,

  • Ou até hábitos irregulares de sono podem aumentar a frequência e intensidade dos pesadelos.

Pesadelos ocasionais vs. transtorno de pesadelos

É importante entender a diferença:

  • Pesadelos ocasionais são comuns. Todo mundo tem. Eles fazem parte do funcionamento normal do cérebro emocional.

  • Já o transtorno de pesadelos (Nightmare Disorder) é uma condição clínica séria.
    Segundo a American Academy of Sleep Medicine, ela é diagnosticada quando:

    • Os pesadelos são recorrentes (várias vezes por semana),

    • Interferem no sono reparador,

    • Afetam a qualidade de vida durante o dia (como causar medo de dormir, irritabilidade, fadiga mental).

Nesses casos, o acompanhamento médico é essencial.

Como reduzir a frequência dos pesadelos?

Não existe fórmula mágica, mas alguns cuidados têm comprovação científica:

Mantenha uma rotina de sono regular: isso reduz a fragmentação do sono REM, diminuindo as chances de pesadelos.

Gerencie o estresse de forma ativa: técnicas como mindfulness, terapia cognitivo-comportamental e atividades relaxantes são altamente recomendadas.

Cuide da saúde mental: traumas não resolvidos tendem a se manifestar nos sonhos. Buscar apoio psicológico é um ato de cuidado consigo mesmo.

Evite estimulantes à noite: álcool, cafeína e certos medicamentos podem interferir na arquitetura do sono, aumentando o risco de sonhos perturbadores.

Pesadelos também têm sua função

Por mais desconfortáveis que sejam, pesadelos fazem parte do vasto repertório de como o cérebro lida com emoções difíceis. Eles são sinais de que seu organismo está tentando processar algo importante.

E entender isso é libertador:

nem todo pesadelo é um inimigo — muitos são, na verdade, tentativas de cura interna.

Durma bem. Sonhe em paz.

Fontes utilizadas:
  • Nielsen, T., & Levin, R. (2007). Nightmares: A New Neurocognitive Model. Sleep Medicine Reviews.

  • American Academy of Sleep Medicine. (2024). International Classification of Sleep Disorders.

  • Sleep Research Society. (2023). Mechanisms of Nightmares: Neurocognitive Perspectives.

  • Walker, M. (2017). Why We Sleep: Unlocking the Power of Sleep and Dreams. Scribner.